17/12/2020

Fashion | Julgamento rápido de fast fashion

Nos últimos anos mudei o meu comportamento em imensos aspectos da vida para diminuir o meu impacto negativo no Planeta. E a mudança mais fácil foi sobre roupa.

A indústria têxtil é considerada uma das mais poluentes, desde a produção, fabrico, transporte e uso. Não esquecendo o impacto social. Quem faz as vossas roupas? Quanto ganha um trabalhador na China por um vestido incrível da Zara que se vende 19,99€? 

Nunca fui muito consumista mas quando comprava era na loja da moda e quanto mais barato melhor para a carteira. Se antes tínhamos duas estações por ano agora saem novas "coleções" a cada semana! São milhares de milhões de litros de água usados, milhões de toneladas de CO² emitidas e outros tantos milhões de toneladas de desperdício.

Em 2018 comecei a ler sobre o assunto e a ter uma noção do impacto das minhas compras. Sim, as grandes empresas têm de ser responsabilizadas mas o consumidor também tem poder. O nosso dinheiro e onde o gastamos tem poder.


Este casaco é da Pull&Bear, uma conhecida marca de fast fashion da Inditex. Tenho este casado há 10 anos. Ser consciente não é deitar fora as vossas peças fast fashion. É usar de forma cuidada, reparar possíveis danos e reusar. É também parar de gastar dinheiro em fast fashion. Deixar de entrar nas lojas, cancelar as newsletter e fazer o raciocínio "qual é o real custo desta peça?"

04/09/2020

Life | 2020

 O ano começou tão bem. E depois isto. Um horror para vidas, planeta e economia. Não vou debater o que já está mais amassado que o "bolo" mastigado por uma criança a comer a carne assada feita pela avó.

A minha auto-comiséria. Tinha duas viagens marcadas e com voos comprados. Irlanda em April e a combinação Paris+Disneyland em Maio. Além disso tinha planeado passar duas semanas no Egipto em Outubro. Nada disto aconteceu nem vai acontecer, como é óbvio. Estadias canceladas e uma pequena fortuna em vouchers na TAP. 

Mas a minha pontaria estava longe de desapontar. Reservámos uma semana em Julho em... Lagos. Semanas antes alguém fez uma festa de aniversário sem quaisquer medidas de segurança ou resquícios de inteligência humana. Férias alteradas e ficámos na Costa Vicentina (não me vou queixar, adoro.).

Estou a trabalhar em casa desde 18 de Março, tal como todos os meus colegas. No meio disto tudo a empresa chegou-se à frente e temos tido tanto apoio que até fiquei zonza a enviar 200 pessoas e respetivo equipamento para casa em menos de 24h. O maridão está a trabalhar de casa mas deve regressar faseadamente ao escritório antes de mim. O meu projeto deve ver as paredes do escritório lá para 2021. 

Mas somos privilegiados. Ninguém no nosso círculo imediato ficou irreparavelmente doente. As minhas pessoas mantiveram o seu trabalho, a sua saúde, não perderam os familiares para o vírus. Passei semanas a sonhar com a minha R. enfiada num hospital britânico a enfrentar a pandemia com a sua bravura de enfermeira. Outras tantas preocupada com a J. por estar a acompanhar as suas equipas de trabalhadores essenciais que nos forneciam comida e indispensáveis. Também todos cumprimos com quarentenas, medidas de segurança, limpeza e cuidados recomendados pela WHO. 

Os gatos estranham ver-nos por aqui, dia após dia. Mas já se habituaram. E nós também. 

Allie e Ozzie

19/10/2019

Zero Waste: comida e produtos a granel

Maltinha!
Uma das perguntas mais comuns é sobre onde compro comida e outros produtos como pasta de dentes ou detergente para a roupa. De tudo o que me ajuda a produzir o menor desperdício possível. 
Pensando no que consumimos regularmente é complicado comprar tudo no mesmo sítio. Notamos que compramos cada vez menos em grandes superfícies. E que a comida sabe melhor devido à sua origem natural e biológica.

Hashtag Granel: arroz, massa, especiarias.
Nesta loja, na estrada de Benfica, compramos massa, lentilhas, caril, pimenta e açúcar de côco a granel. O arroz também o compramos aqui, de produção portuguesa e com certificados de produção orgânica embalado em saco de papelão de 2kg. Além disso começámos a levar as embalagens vazias para comprar detergente e amaciador para a roupa e detergente para lavar chão/outras superfícies. São produtos feitos com óleos reciclados e que não danificam o ambiente. Ou seja, as nossas descargas da máquina de loiça ou de roupa não vai libertar químicos tóxicos para os rios e mares. Yeay!
Também têm escovas de dentes de bambu, discos desmaquilhantes, desodorizante e protetor solar natural, copo menstrual e até champoo e condicionador a granel (para vários tipos de cabelo). 

Maria Granel: Chá, doces, chocolate, pastilhas dentífricas.
Esta é a segunda loja de venda a granel que está sempre na nossa rota. Atenção que a Hashtag também tem estes produtos, mas sempre os adquirimos na Maria Granel e ficámos fãs destes fornecedores específicos. 
O chá de hibisco é incrível, adoramos os doces (amêndoas caramelizadas) e vários tipos de chocolates. As pastilhas dentífricas compramos sempre aqui. Já tinha partilhado que a pasta dentífrica foi uma das substituições mais complicada, mas achámos esta alternativa que adoramos. Cada compra são 100gr de Denttabs que nos duram cerca de 3 meses. Muito mais do que pasta dentífrica, com uma pegada ecológica mínima e uma higiene oral irrepreensível com hálito a mentol.

Lush: Champoo, amaciador, sabonetes, máscaras de cabelo/rosto.
A Lush nas Amoreiras é o ponto de eleição para champoo sólido. Acho que já experimentámos todos e temos os nossos favoritos. Além do amaciador, compramos também sabonete para usar no duche e no lava-mãos. Também têm sabonete esfoliante e máscara para o cabelo incríveis. 
A loja tem produção vegan, não testam em animais e usa ingredientes naturais. Um bónus são as amostras que nos oferecem em cada compra. Vamos experimentando produtos novos e temos sempre sabonete extra.
Na loja online podem achar maquilhagem sem embalagem: bases, sombras, iluminadores, corretores.

Feira do Relógio: legumes, fruta, ervas aromáticas, azeitonas, sementes de chia, leguminosas.
Todos os domingos, o ano inteiro, a partir das 6h da manhã a Avenida Santo Condestável em Lisboa fecha e os feirantes instalam as suas carrinhas e produtos à espera da clientela. Eu adoro ir ao mercado! Levo sacos de pano, frascos de vidro e compro produtos nacionais, dentro da época, a granel e com preços imbatíveis. No domingo passado, pagámos 1€ por quase 1kg de espinafres. O senhor que vende azeitonas já me conhece e enche os frasquinhos adicionando um pouco de água depois de pesar para conservar melhor. Compramos grão de bico com um saco de pano e a vendedora retira o peso do saco. Ninguém quer saber se levamos saco de pano ou um frasco e trazemos a mochila cheia de ingredientes para caril, estufado, assados.
Podem comprar também queijo, enchidos, bacalhau, caracóis, panelas, roupa, calçado e inclusive almoçar por lá nas roulotes e padeiros (*saudades de comer pão com chouriço*).

Pingo Doce: enlatados, fruta, legumes, farinha.
O Pingo Doce é o nosso supermercado de bairro então é onde compramos os extras que não existem a granel ou que precisamos durante a semana para desenrascar. Fruta e legumes quando temos de desenrascar e só compramos se forem produtos nacionais e de época. Nada de comprar laranja espanhola ou maçãs do Brasil, lamento. Compramos pickles, atum em água e as farinhas Nacional para fazer pão na nossa máquina do LIDL. E todos os meses uns bons quilos de areia para os gatos embalada em papel. A ocasional caixa de gelados (sem invólucros de plástico) também vem do Pingo Doce. 

Como podem ver não compramos carne. Recentemente, o maridão deixou de comer peixe e agora é vegetariano. Eu continuo a consumir mas muito raramente e de modo mais sustentável possível.
Se tiverem dúvidas sobre algo que não mencionei aqui também podem perguntar. Tentarei adicionar ou pesquisar para vos dar alguma solução.

Waste

06/08/2019

Closet detox: a minha experiência

O mundo da moda. Um dos temas mais falados na comunidade de bloggers. E um dos tópicos que também já foi tema recorrente por aqui. Mas nunca foi muito sustentável para mim. Primeiro, nunca tive um estilo que achasse merecedor de ser destacado. Segundo, não tinha um leque de opções que resultasse em publicações constantes. Mas isso não significa que tivesse pouca roupa, calçado e acessórios.. 
Todas as épocas fazia uma "limpeza" ao armário. Enchia sempre um ou dois sacos de roupa para doar. Jeans, camisolas, casacos e até calçado. No entanto, continuava sempre a comprar. Não quebrava o ciclo vicioso. Saldos? Óptimo! Promoção? Siga! Não faz bem o meu estilo? Não faz mal, é barato. Erro, erro, erro! Graças a este comportamento tinha sempre um fluxo de roupa a entrar em casa e, consequentemente, a sair. 
Foi ao começar a pesquisar sobre um estilo de vida menos impactante no planeta e mais minimalista que me apercebi do meu comportamento errático. Algo tinha de mudar e drasticamente. 

Regra "Vou Esperar": Espero, no mínimo, três semanas para adquirir uma nova peça. Analiso as minhas escolhas (sustentáveis, mas falamos disso noutro post) e espero. Levo a minha vida normal várias semanas. Se perceber que realmente necessito daquele par de calças, botas ou roupa de cama, finalizo a minha escolha e compro. O que acontece na maioria das situações é que não preciso daquele item e acabo por não comprar.

Comprar menos: Depois da regra de esperar, adquiro ainda menos coisas. Só porque dava jeito ter duas t-shirts brancas, não significa que compre. Lavo, uso e reuso. Eu já sou uma criatura de hábitos pois todas as épocas tenho as minhas roupas preferidas que uso há anos e estão em perfeitas condições. Ao definir o meu gosto reduzo não só a minha vontade de comprar roupa como também mantenho um closet minimalista.

Escolher cuidadosamente: Ao comprar cada vez menos roupa preciso ter cada vez mais cuidado com o que compro. Podem ter a certeza que uma t-shirt de 9.99€ da Zara vos dura muito menos que um produto feito com qualidade, de comércio justo e produção sustentável. Há imensa roupa de produção portuguesa com uma qualidade incrível. E é nesses items que me vou focar. Roupa incrível e feita no nosso cantinho do mundo.

Fazer durar: Se o produto é bom, já é meio caminho andado. Se tivermos ainda mais cuidados na lavagem e ao usar as peças, existe roupa que dura uma vida. Interessa também escolher peças intemporais. Algo que se visualizem a vestir tanto com 26 anos como com 40 anos. Há momentos em que morro de amores por vestidos lindos que sei que me vão cansar em três tempos. Já aprendi a dizer "não" e estou no bom caminho para um closet simples e coerente que me dê prazer vestir 12 meses por ano.

Posso dizer-vos que após meses de detox e regras, estou muito satisfeita com o meu closet. Dei imensa roupa à minha afilhada e a instituições, transformei t-shirts em panos de limpeza e reorganizei o armário. Estão a ver a imagem abaixo? Metade é meu, metade do marido. Também adicionei uma mini estante entre o armário e a parede, que tem um total de 10 pares de calçado (faltam contar outros 5/6 pares de calçado diverso). Claramente tenho calçado a mais e é do que menos compro. Mas na minha metade do armário tenho toda a minha roupa com excepção de dois casacões, três vestidos de inverno, pijamas (5/6 conjuntos), roupa interior e roupa de ginásio (3/4 conjuntos).
Conseguiam fazer um detox semelhante?

Closet