29/04/2019

“Chapa ganha, chapa gasta“ ou como largar maus hábitos financeiros

Sempre fui muito poupada, há quem diga forreta, com os meus gastos. Mas quando era nova o dinheiro era uma mesada que vinha dos meus pais. Não era eu que o ganhava então custava-me bastante esbanjá-lo. Mais tarde, arranjei um part-time além de estudar e fazer voluntariado.
Mas nada se comparou ao ver o meu primeiro ordenado cair na conta. Toda uma emoção, deixem que vos diga! E nem o facto de ser o salário mínimo nacional da altura me abalou. Conseguimos durante meses fazer uma ginástica financeira que permitia pagar contas, poupar para o casamento, para viagens e mesmo assim ter um ocasional momento de "luxo" (diga-se jantar fora uma vez por mês ou encomendar pizzas). A vida melhorou, a carreira progrediu e isso ajudou imenso na nossa conta poupança e, claro, alterou o estilo de vida. No entanto, mantivemos o raciocínio de manter um controlo  apertado nas finanças.
Sempre mantive um conjunto de guidelines que ajudava este modo poupança ser apenas um estilo de vida.

financeiros

1. "Eu mereço"
Por andar cansada de tanto trabalhar ou suportar horários diferentes, é fácil cair na mentalidade de comprar isto ou aquilo como recompensa para nós próprios. E se mantivermos esse raciocínio numa base diária, os gastos vão ser diários. Não exagerando, nós merecemos fazer coisas e ir a sítios.... Por isso é só alterar o mindset. O que preferimos? Jantar fora em Lisboa ou em Roma/Paris/Atenas...? Comprar cinco peças de roupa ou experimentar o novo restaurante de luxo da cidade? Ter dois/três canais a pagar extra no plano TV que raramente usamos ou levar a família a passear mais vezes?

2. Não poupar para situações inesperadas
Ter um fundo específico para viagens ou um PPR é totalmente diferente de ter um fundo de poupanças para qualquer imprevisto. É importante caso o carro avarie ou o desemprego bata à porta subitamente ter poupanças para o simples acto de viver livre de stress até normalizar a situação. Não somos os EUA em que partir uma perna é sinal de bancarrota mas é bom ter viabilidade financeira para considerar todas as opções, público ou privado.

3. Gastos convenientes
Escolher entre preparar uma marmita para o trabalho ou simplesmente almoçar fora são gastos feitos por conveniência ou preguiça. Nada indicados para quem quer ter finanças estáveis. Quem diz comida, diz apanhar um Uber quando temos tempo de esperar pelo metro ou autocarro. 

4. Planear
Por vezes a preguiça vai avante e não planeamos com antecedência ou com o cuidado necessário. Seja para visitar várias agências de viagem e ter acesso ao melhor negócio seja para organizar a lista de compras no supermercado. Tudo o que seja planeado com tempo e cuidado leva a melhores decisões e oportunidades financeiras. Comprar voos com antecedência dá acesso a preços mais baratos, fazer uma lista de compras e não divagar no supermercado ajuda a comprar apenas o essencial. Por exemplo, eu levo isso um passo além e compro grão de bico seco (ou outras leguminosas) e faço o processo completo de demolhar, cozer e congelar porções. Requer planeamento mas não produzo lixo e fica a um preço irrisório, além de o sabor ser muito melhor.

5. Objetivos financeiros
Este ponto é muito importante. Enfiar dinheiro para uma conta só porque sim não é propriamente motivante. Estabelecer objetivos realistas ajuda a ficar motivado e a atingir esses números mais facilmente. Seja poder fazer uma viagem exuberante por ano, dar entrada para uma casa, comprar um carro novo, uma scooter elétrica ou até o telemóvel que sai daqui a um ano, é crucial manter o foco. Assim ao reservar um número redondo para poupanças, saber que pelo menos parte dele vai para esse objetivo ajuda a dizer recusar o ocasional gasto na Uber ou a pizza a meio da semana.


Numa nota final, não deixem para amanhã se realmente consideram começar a poupar. Não se fiem nas aparências dos outros e nos seus gastos. Costumo ouvir muito que lá porque conduzem um BMW não quer dizer que não comam nestum o mês inteiro.
O vosso salário ou rendimentos não determina o vosso valor ou a vossa estabilidade financeira. Depende apenas de nós criar o estilo de vida que realmente queremos, seja praticável daqui a 2 meses ou 2 anos.

2 comentários:

  1. nice post, very thoughtful
    https://www.stylebasket.in/

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  2. Desde que fui morar com o meu namorado (e mudamos de cidade) que também adoptei (adoptamos!) este mindset. E com as poupanças que fazemos, podemos dar-nos ao luxo de fazer viagens, tanto dentro do país (que adoramos conhecer cada canto) como fora e não sentimos nenhum "abalo" nas finanças.
    Entretanto começamos com um "plano", que consiste em que sempre que pensemos ir jantar fora por impulso, não ir e apontar quando poupamos em cozinhar em casa. Faz mesmo muita diferença! No mês passado "poupamos" cerca de 80€ com este plano.
    Também faço isso com as leguminosas, e é de facto bem melhor. Quando vou visitar os meus pais acabo por trazer sempre imensa fruta, legumes e ovos caseiros.
    Uma coisa muito importante é planear as refeições. Eu faço sempre uma ementa semanal e vou descongelando e temperando a comida consoante a ementa, o que acaba com a tentação de ir comer fora ou encomendar comida.

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