Festa sobre rodas

Nos primeiros dois meses em Lisboa andei maioritariamente de metro. Com o calor ainda presente, o ar condicionado estava quase sempre ligado, o pessoal andava tranquilo e, tirando os turistas, nunca tropecei em confusões. Mas desde que iniciei o estágio, os autocarros têm sido o meu (quase) único meio de transporte. E que festão que tem sido! Quase todos os dias acontece algo diferente e chocante. Já vi uns miúdos a armarem-se em arruaceiros e transformarem o autocarro em palco de cantorias e palavrões e um velho a ser expulso enquanto lhe chamavam de ladrão (parto do pressuposto que tenha tentado roubar alguém e tenha sido apanhado). 

Mas hoje quando vinha para casa começo a ouvir do meio do autocarro uma acesa discussão entre um velhote e uma mulher. Pouco percebi, mas penso que ele não se desviou para ela passar, mesmo ela tendo dado "três toques" para o avisar. Deve ter dito algo porque o senhor começou a levantar o tom de voz e que "toques não eram maneira de avisar ninguém". Ela também responde que ele não se quis foi mexer e oh, meninas. A partir daí foi sempre a subir de tom e a descer de nível. Eu estava em choque ao início mas depois já ria a bom rir. Porque depois são aqueles velhotes e senhoras maduras que, cheios de moral, nos veem dizer que a juventude está perdida.