06/01/2013

Cartas & Romantismo

Hoje dei por mim a lembrar-me de cartas escritas à mão. A minha mãe tinha um saco cheio guardado em casa cheio de cartas escritas à mão. Sendo uma jovem bonita a viver num meio pequeno, tinha o seu punhado de admiradores. Tive a oportunidade de ler as que o meu pai lhe escrevia. Simples, mas amorosas. Mesmo enquanto ela estudava em Portalegre e o meu pai longe a trabalhar (e tinham telefone), escrevia-lhe postais. Depois de eu nascer, continuou a escrever. Aqui a "pequena" já aparecia nos gatafunhos das cartas dos pais. E ao pensar naqueles envelopes com cartas tão gentis, fico nostálgica. Tenho pena de já não pertencer a essa geração em que se escrevia com o próprio punho, palavras e sentimentos sinceros e pouco fantasiosos, sem a influência da produção em massa da Internet  Rascunhados e rasurados, até atingir a perfeição para a rapariga ler. Meter no correio, esperar que a recebesse. Não saber se iria ter resposta e esperar ansiosamente por algo no retorno do correio. Agora o sentimento do romantismo reduz-se a uma mudança de status no Facebook, algo a que tanta gente dá valor não merecido, pois parece-me fútil. Um suposto enamorado é-lhe exigido provas perante o mundo que está dedicado a essa rapariga e mais nenhuma. Já nem é a dedicação à rapariga que é essencial, mas o mostrar às outras e outros. 

Hoje em dia, existem relações que duram menos que o tempo de entrega de correio pelos CTT e por isso até sinto uma pontada no coração. Não sou muito lamechas nem dada a romance, mas isto mói-me. 


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